SIMPOSIO “O DESENHO DA CASA BRASILEIRA”

 

 

“As Casas como Cidades. As Cidades como Casas” Vilanova Artigas

*texto publicado originalmente no catálogo da IX Bienal de São Paulo, reproduzido na revista Acrópole, no. 368, São Paulo, dezembro de 1969 e republicado no livro Caminhos da Arquitetura – Vilanova Artigas  –  1981)

 A Reunião do 139º. Conselho Superior do Instituto de Arquitetos do Brasil aprovou a realização de Simpósio Nacional com o Tema – “O Desenho da Casa Brasileira”.

 O objetivo da série de eventos, a serem realizados em todo o território nacional através da rede formada pelos 27 departamentos do Instituto, visa à consolidação de uma contribuição crítica ao programa “Minha Casa Minha Vida” em implantação pelo governo federal.

 A preocupação dos arquitetos brasileiros diante do volume de recursos ora investidos é a do resultado urbano que está se alcançando. O IAB entende que o programa, além de gerar empregos, aquecer a economia e produzir unidades habitacionais que destensionam o gigantesco déficit habitacional, também produz CIDADES.  Esta é então a questão: qual o modelo de cidade que está sendo gerado a partir da aplicação deste volume de investimentos?

 Em rede nacional, os diversos departamentos do IAB deverão preparar encontros, nos quais serão debatidas experiências, propostas e exemplos que qualifiquem e quantifiquem contribuições efetivas ao programa em cada estado brasileiro. Cada departamento selecionará delegados que se encontrarão em Brasília para o “Simpósio Nacional”, no qual as contribuições serão sistematizadas e consolidadas, para serem entregues oficialmente ao Governo Federal.

 Para nortear o início das discussões, foram determinados quatro eixos temáticos, que abordam questões mais específicas:

 1. Inserção urbana

  • infraestrutura urbana disponível no entorno
  • integração com o tecido urbano existente
  • desenho urbano do conjunto
  • disponibilidade de terra urbanizada e aplicação dos instrumentos previstos no Estatuto da Cidade
  • regularização fundiária
  • sustentabilidade socioeconômica e ambiental

 2. Aspectos produtivos

  • tipologia habitacional
  • especificidades regionais (culturais, ambientais, climáticas)
  • técnicas construtivas
  • relação projeto / obra

 3. Atores

  • público atendido / beneficiários (faixas de renda e características da composição familiar)
  • o papel dos arquitetos, escritórios e assessorias técnicas
  • o papel do poder público em suas diversas instâncias
  • o papel dos movimentos sociais
  • o papel das empresas de construção civil
  • diálogo, cooperação, pacto entre os diversos segmentos e acesso ao financiamento

 4. Pós-ocupação

  • efeitos no entorno do empreendimento (novos equipamentos públicos, serviços, valorização imobiliária)
  • modificações e readequações nas unidades habitacionais
  • gestão e manutenção do conjunto (organização comunitária para tal)

 Ao se estabelecerem estes eixos, o IAB propõe que os debates sejam realizados a partir de uma abordagem interdisciplinar, envolvendo também engenheiros, geógrafos, ambientalistas, sociólogos, assistentes sociais, economistas, entre outros profissionais. Desta maneira, pretende promover o debate a partir de um olhar abrangente, identificando caminhos críticos e alternativas práticas.

 Ao final desta jornada, pretende-se elaborar um decálogo do programa MCMV. Este será a síntese de um amplo processo democrático, com a finalidade de contribuir com o aprimoramento do programa e enfrentar de modo eficaz o problema do déficit habitacional no Brasil, construindo moradias e cidades com qualidade, de modo socialmente justo, aplicando recursos públicos com responsabilidade, para a parcela da população que mais precisa.

 O desenho da casa brasileira é também o desenho da cidade que queremos para hoje e para o futuro. O exercício do projeto, do diálogo e da construção, é o que nos une na responsabilidade de colocar em prática esta vontade.

                                                                                                                  IAB, fevereiro de 2012.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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