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Projeto de catarinense voltado à inserção digital é eleito o melhor na categoria edifícios públicos pelo Architizer A + Awards

Com linhas futuristas, Nave do Conhecimento ganha prêmio internacional de arquitetura

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RIO — As linhas futuristas das Naves do Conhecimento conquistaram um dos maiores prêmios internacionais de arquitetura, o Architizer A+ Awards. Assinado pelo arquiteto catarinense Dietmar Starke, da Empresa Municipal de Urbanização (RioUrbe), o projeto foi escolhido por voto popular o melhor da categoria de edifícios públicos, como noticiou a Coluna Gente Boa, do GLOBO. Com fachada que remete a uma nave, a estrutura acomoda, numa área de cerca de 400 m², biblioteca digital, salas para ensino de informática e área de lazer. A Nave chegou à final com outros quatro projetos: o Court Of Justice, da Bélgica, que venceu pelo voto do júri técnico; o Palazzo Lombardia, da Itália, o Hachijo Government Building and Hall/Ojare, do Japão, e o prédio do Regional Court and Industrial Tribunal, da França. A entrega do prêmio será no dia 14 de maio, em Nova York. Em 2014, o Museu de Arte do Rio (MAR), do escritório Bernardes + Jacobsen Arquitetura, já havia sido eleito melhor construção na categoria museu, também numa seleção feita por voto popular.

Com mais de 90 categorias e cerca de dois mil projetos inscritos de 100 países, o Architizer A+ Awards tem duas fases. Na primeira, um júri composto por 300 profissionais de diferentes áreas elege os cinco finalistas de cada grupo. Na segunda, o vencedor é escolhido por voto popular. O resultado foi divulgado na terça-feira.

— Isso é ótimo, porque um equipamento público ganhar um prêmio de votação popular é sinal de que ele alcançou sua função pública e, ao mesmo tempo, agradou — comentou o arquiteto Washington Fajardo, presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), que ressaltou o fato de o premiado ser um servidor público.

Nascido em Blumenau, Santa Catarina, Dietmar Starke, de 56 anos, fez mestrado na Universidade de Artes de Berlim e tem projetos de arquitetura e de arte executados na Alemanha e no Egito. No Rio, realizou, em parceria com a Fundação Bauhaus e a prefeitura, o projeto Célula Urbana, no Jacarezinho. Atualmente é arquiteto da RioUrbe, além de consultor e professor da Universidade Santa Úrsula. Ele recebeu a notícia com surpresa.

— No primeiro momento, me senti um Davi contra Golias, mas, no segundo momento, entendi que o mundo soube reconhecer o valor deste trabalho que aposta de verdade na transformação social — disse.

Para o autor, a escala do prédio e fachada, com “uma proposta estética poética high tech em distorção”, criaram uma harmonia.

— É como se fosse um novo ritmo, uma nova música sendo tocada na cidade. A forma em desconstrução estimula a imaginação, a criatividade dos usuários, espalhando uma luz de esperança para a comunidade, um sentimento de alegria e felicidade, que é facilmente percebido nos rostos por todos os visitantes — explica Dietmar.

1,5 MILHÃO DE VISITANTES

Com um milhão e meio de visitas e mais de 150 mil pessoas cadastradas, as Naves do Conhecimento funcionam com o conceito de uma praça digital, onde a população pode ter livre acesso à internet. Nos espaços, são oferecidos cursos, oficinas de capacitação digital e atividades interativas. Nesse período, mais de 14 mil alunos foram formados em cursos nas áreas de Tecnologia da Informação e da Comunicação. Desde junho de 2012, quando foi inaugurada a primeira, em Santa Cruz, já foram abertas oito: em Irajá, no Parque Madureira, em Padre Miguel, na Penha, na Vila Aliança (Bangu), em Nova Brasília (Complexo do Alemão) e em Triagem. Os prédios de Triagem, do Complexo do Alemão e de Padre Miguel não levam a assinatura de Starke.

A arquiteta e urbanista Isabel Tostes, da diretoria do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-RJ), elogia não apenas as formas, mas o conceito do projeto:

— É um projeto que promove a inclusão social de uma população de baixa renda. Este prêmio vem mostrar a valorização deste tipo de arquitetura.

MAR VENCEU CATEGORIA MUSEU

Esta é a segunda vez que um projeto de arquitetura do Rio é selecionado no prêmio Architizer A+ Awards. No ano passado, o Museu de Arte do Rio (MAR), na Zona Portuária, conquistou o título de melhor construção de 2013, na categoria museu, também pelo voto popular. Na época, ele concorreu com os museus Heydar Aliyev Center (Azerbaijão), New Rijks Museum (Holanda), Zhujiajiao Museum of Humanities & Arts (China) e com o vencedor pelo voto do júri técnico, Danish Maritime Museum (Dinamarca).

Ao criar para o MAR uma identidade arquitetônica própria, a equipe do escritório carioca Bernardes + Jacobsen uniu dois edifícios bem diferentes. Inaugurado em 1916 e tombado no ano de 2000 pelo Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural, a construção eclética foi transformada num grande pavilhão de exposições, com 5,2 mil metros quadrados de área construída. Já o prédio vizinho, onde funcionou o Hospital da Polícia Civil, agora é a Escola do Olhar. Com sete pavimentos (incluindo o térreo), tem 7,2 mil metros quadrados de área construída.

A união dos edifícios é feita por uma passarela, que conecta o quinto andar da escola ao terceiro do pavilhão de exposições, e pela cobertura em forma de onda, sustentada por 37 pilares dispostos sobre os dois prédios. O museu, instalado na Praça Mauá, transformou-se num conjunto harmônico, de 15 mil metros quadrados.

O MAR, uma iniciativa da prefeitura e da Fundação Roberto Marinho, tem atividades que envolvem coleta, registro, pesquisa, preservação e devolução à comunidade de bens culturais por meio de exposições, catálogos, programas em multimeios e educacionais.

Ao chegar ao museu, visitantes atravessam grandes portas de vidro — localizadas no vão entre as edificações —e se dirigem aos pilotis da Escola do Olhar, um ambiente com foco principal na formação de educadores da rede pública de ensino.

POR SIMONE CÂNDIDA

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