Nestas eleições, após a histórica conquista do nosso Conselho, resultado da luta de vários colegas, e a prioridade inicial de garantir sua estrutura básica e funcionamento, estamos diante de uma nova oportunidade: discutir de forma ampla e democrática qual é o modelo de Conselho que desejamos e precisamos para este novo século. Acreditamos ser fundamental reavaliar de forma crítica estes 3 anos de CAU à luz dos objetivos estratégicos que pautaram cerca de 50 anos de luta incansável de várias gerações e a demanda dos novos tempos.

Para fazer frente aos desafios contemporâneos, onde as cidades estão entrando em colapso, as escolas formam centenas de novos arquitetos sem o devido censo crítico e os profissionais estão desmotivados diante de baixos honorários, pouca valorização da profissão e dispersão é necessário ter um conselho eficiente e democrático, conectado com as bases e realidade social e cultural, com uma estrutura leve e eficiente.

Não é admissível tal distanciamento das bases e da realidade da profissão, dos profissionais e das cidades brasileiras. Apesar de algumas condicionantes legais e constitucionais, passíveis de interpretação e aplicação a favor de um ou outro modelo, não podemos permitir a burocratização e a cristalização de uma estrutura que nasce em pleno século XXI, corremos o risco de construir uma instituição sem relevância para a sociedade e sem importância para os novos rumos da arquitetura e para os arquitetos.

Porque tantos arquitetos lutaram durante tanto tempo para termos nosso próprio conselho? Apenas para “termos nosso próprio Crea”, para tomar as decisões sozinhos e ter o poder exclusivo? Ou porque acreditávamos em outro tipo de estrutura, que estivesse a serviço de uma arquitetura melhor, cidades mais humanas, uma profissão reconhecida e respeitada amplamente por toda a sociedade e profissionais realizados e felizes com sua profissão e alcance de sua atuação.

Estas eleições, primeira oportunidade após o processo truncado que foi sua instalação, são a grande oportunidade para discutir ampla e democraticamente qual modelo queremos para nosso conselho, um modelo sistêmico e em rede, interconectado com todas as entidades e atores, valorizando o que cada uma tem de melhor e suas características e realidade, oferendo condições físicas e materiais para que cada entidade possa exercer seu papel estatutário e desempenhar da melhor forma possível sua vocação no sistema de arquitetura. A partir destas premissas e da urgência na discussão e construção de um novo modelo para o CAU, surge um tripé estratégico que deverá pautar a construção do Plano de Ação e Propostas: cidades, escolas e profissionais.

 

Cidades: diante da situação caótica que vive a maioria de nossas cidades, com sociedades doentes e sem perspectiva, estruturas governamentais arcaicas e falidas, políticos cada vez piores e descomprometidos, qualquer ação de valorização da profissão e fiscalização passa pela compreensão das cidades, sua realidade e tendências no século XXI. Construir pontes com associações de municípios, prefeituras, ministério público e outras instituições que atuam na cidade, buscando ampliar o protagonismo e valorizar a atuação do arquiteto em seus âmbitos, fiscalizando suas condições de trabalho, salário mínimo profissional e principalmente o respeito quanto suas considerações técnicas quanto ao planejamento e desenho urbano.

 

Escolas: considerando que já são mais de 20 escolas em Santa Catarina, que em 5 anos o número de arquitetos passará de 5.000 para 10.000 , e principalmente que é no âmbito das escolas que os arquitetos desenvolvem sua consciência em relação a profissão, arquitetura e cidades, o CAU precisa atuar dentro das escolas, em parceria com alunos, professores e instituições, aproveitando sua ramificação e interiorização, mas principalmente seu contato com a realidade cotidiana das cidades, da profissão e da arquitetura.

 

Profissionais: o componente essencial do sistema, o motivo de existir do conselho e toda a mobilização das entidades e arquitetos, que esperam e precisam que o conselho exista para estimular os arquitetos a desempenhar sua profissão de forma comprometida, apaixonada, ética e responsável; para fomentar uma arquitetura qualificada e de alto nível, atuar na busca de cidades melhores, mais humanas e saudáveis.

Por isso é preciso criar formas para que o CAU esteja mais conectado com as bases e realidade dos profissionais, para que seja visto como aliado e importante vetor de melhoria da profissão e não como um fiscalizador frio, distante e burocrático, indiferente à realidade e dificuldades dos arquitetos que atuam cotidianamente. É amplamente conhecido as imensas dificuldades advindas da falta de reconhecimento da profissão, concorrência desleal, falta de ética, exercício ilegal da profissão e sobreposição de habilitações com as engenharias.

Um novo modelo

Destacamos que se o CAU. SC conseguir “centrar” seus esforços principalmente nessas quatro premissas, objetivando-as, estará se aproximando mais dos Arquitetos que esperam algo real, prático, nesse sentido.

O que propomos é exatamente sanar as dificuldades que ocorrem no cotidiano de nossas profissões e a figura do CAU como facilitador e que cumpra a Lei que o criou!

Lembramos que essas quatro demandas já foram elencadas no 1º Congresso dos Arquitetos Catarinenses. Mas a lentidão na tomada de decisões nos assusta.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *