Autor: Gustavo Correia Utrabo (responsável técnico), Pedro Lass Duschenes

Co-autor: Bárbara Zandavali

Colaboradores:Maguelonne Gorioux, Felipe Gomes, Agatha Linck

Assessoria estrutural: Eng. Sandro Norio Oyama

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1° Lugar – n° 37 – sua pouca interferência no conjunto arquitetônico tombado; a manutenção do desenho geométrico a partir do eixo longitudinal dos pilares das pontes existentes mantém a identidade do recinto. O sistema construtivo é sintético e de fácil execução. A reversibilidade é facilitada. Sistema contemporâneo de retração da cobertura, permitindo diversos graus de luminosidade e conforto térmico. Dado a ser um sistema convencional de estrutura, o aspecto econômico está dentro dos de mercado. Recomendações: Recomenda-se ao arquiteto vencedor, no intuito de diminuir a seção das vigas e pilares, visando uma maior leveza do conjunto, o acréscimo de mais dois apoios no mesmo eixo. Sugerimos uma análise, no desenvolvimento do projeto, do afastamento da estrutura em relação às pontes e o uso cromático de cor mais escura para a estrutura, a fim de torná-la menos presente.

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Há, no contexto onde se insere o projeto, uma multiplicidade de tempos concomitantes, pautados nos últimos 160 anos pela afluência de usuários ao Mercado Público de Florianópolis, cuja história inclui demolições, mudanças de local, renovações diversas, e a participação ativa de gerações de consumidores, vendedores e administradores. A nova cobertura para o vão central configura-se, então, como mais um elemento nessa narrativa, e como tal deve respeitar e adicionar ao existente sem tornar-se irrelevante ou caracterizar-se como mero fechamento. Cria-se uma nova escala, protegida dos elementos, com o intuito de suportar adequadamente novas histórias complementares: feiras temporárias, apresentações culturais, festividades, projeções, desfiles, etc.

“É preciso ser leve como o pássaro e não como a pluma.” VALÉRY,Paul (1930) apud CALVINO, Ítalo (1990) p. 28

Por tratar-se essencialmente de projeto arquitetônico composto por uma superfície que pousa sobre o contexto existente quase sem tocá-lo, a premissa da leveza, entendida como precisão e determinação (CALVINO, I.), é condicionante fundamental. A leveza, assim percebida, não está vinculada meramente à uma ausência de peso do sistema construtivo, mas a uma certa tensão entre a força da gravidade e as pesadas peças de aço em forma de “V”, que encontram-se suspensas, à pairar fixamente um pouco acima da cota dos telhados existentes de maneira a criar um vazio por onde o ar circula livremente. Para realizar tal composição, buscou-se um sistema que permitisse a execução de grandes vãos com um mínimo de componentes e cujo arranjo é resultado de um pensamento simples: a localização dos dois pontos de apoio distantes 36m entre si deveria dar-se ao longo do eixo central alinhado aos pilares existentes, de modo a se manter a configuração do espaço existente, e se evitar que as novas fundações gerem interferências perigosas ao embasamento do edifício histórico. Sobre os mencionados pilares apoia-se, então, uma viga principal em perfil retangular onde conectam-se vigas intermediárias, inclinadas em direção à calha central e distanciadas umas das outras em vãos de 12m.

A última camada da cobertura consiste em uma membrana leve e de grande resistência fabricada em composto de ETFE impresso com padrão de micro círculos prateados para sombreamento parcial (variável de 10% a 50%) do espaço abaixo. Prevê-se, ainda, que essa membrana possa ser retraída através de um sistema automatizado no qual vigas deslizam por trilhos conforme a tração de correntes de transmissão acionadas por motores, envolvendo o tecido no cilindro de apoio posicionado nas extremidades. Tal sistema permite o recolhimento completo da camada de proteção superior possibilitando a visualização desobstruída do céu e do edifício existente.

Conforma-se, assim uma proposta que busca lidar de maneira respeitosa com a multiplicidade da história do Mercado Público de Florianópolis, atentando, porém, para que tal intervenção feita de maneira precisa, possa potencializar o espaço como lugar democrático de encontro e convivência.

 

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8 respostas para “Vencedor do Concurso do Vão do Mercado Público de Florianópolis”

  1. Avatar de eduardo
    eduardo

    A inserção de mais pilares no eixo longitudinal cria uma interferência ainda maior no espaço, impossibilitando, por exemplo, a instalação de palcos (tão comum durante o carnaval).
    Ao solicitar o afastamento da cobertura em relação às pontes, o júri mostra que o projeto, ao contrário do divulgado, não cumpre integralmente o edital, interferindo sim no patrimônio tombado – a fachada das pontes é emblema do edifício.
    Diante disso e da solicitação de alteração da proposta vencedora, parece que a comissão julgadora não teve maturidade para avaliar e interpretar os projetos.

  2. Avatar de ana amora

    Estrutura muito pesada de pilares! Sugiro estudo para faze-los mais leves… Aliás, gosto mais do vão sem cobertura.

  3. Avatar de edson wagner da rosa
    edson wagner da rosa

    Muito bonito. Estilo bem moderno contrastando com a arquitetura do prédio.
    Só queria saber se tem projeto para eliminar os pombos que frequentam aquela área, caso contrário estará se criando poleiros para que os animais defequem nos transeuntes, na comida e na bebida.

  4. Avatar de Edu
    Edu

    Só o fato de fechar o vão já é bem questionável do ponto de vista arquitetônico e principalmente urbano. E realmente é contraditório o parecer do júri. Ora se precisa afastar das pontes (pq claramente interfere nas relações visuais) e precisa “obstruir” ainda mais o espaço para tornar a estrutura mais leve…certamente não é a melhor opção. E o projeto do Vigliecca pro Largo? Muito mais relevante, ficou só no papel…

  5. Avatar de Ronaldo
    Ronaldo

    Parabéns Aleph Zero. O resultado, sem descaracterizar o Mercado, trará uma leveza necessária à cobertura.

  6. Avatar de Guilherme Mattos

    favor citar os premiados em colocação e menções concedidas.
    Quanto ao projeto vencedor, também questionamos a condição do edital de não ter estruturas centrais que podem interferir nos possíveis usos…e concordo com o colega Eduardo, acima…que questiona a posição e “sugestões”da comissão julgadora quanto ao acréscimo de pilares centrais…muito obrigado

  7. Avatar de Espiral arquitetos
    Espiral arquitetos

    Bom projeto realmente leve, formalmente simples, no entanto creio que bem pensado no que tange a funcionamento. Não atendeu integralmente o edital, mas isso não é um problema, desde que os ganhos sejam maiores que as perdas.

  8. Avatar de barbara
    barbara

    Nossa pense no calor!!!!
    gosto do vão sem cobertura.

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